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Criação e Manejo

 

 1 - Instalações , Manejo a Campo e Baia

 

 Éguas e potros

 

 O Bretão precisa de espaço e liberdade, todo cavalo precisa, mas devido ao peso que possuem, o melhor é sempre deixá-los soltos e criá-los em piquetes, para que sua musculatura e seu organismo se desenvolvam bem e tenham boa circulação, e assim não  apresentem problemas comuns aos animais que vivem a maior parte do dia encocheirados.

 

   Os potros desde que desmamam de suas mães, precisam de muito espaço para correr e boa alimentação, pois estão em pleno crescimento,  a luz do sol e os exercícios durante as brincadeiras  estimulam mais ainda o melhor desenvolvimento.

 

   Deve-se separar os animais em categorias para melhor relação e não ocorrerem acidentes.

 

   Num haras deve-se ter piquetes Maternidade para éguas no mês final de gestação e para o parto, deixando depois até 30  dias de vida, esses piquetes devem ser planos, sem desníveis e sem acesso a lagos, podem ser pequenos (500 a 1.000 m2, dependendo do número de éguas) e próximos a casa dos funcionários ou das cocheiras principais. É a fase mais importante da criação, portanto a que requer mais atenção tanto na alimentação como no manejo. Recomendamos sempre separar a égua 1 mês antes da data provável do parto, e manter vigilância diária a partir de 15 dias antes da data provável do parto, por pessoas experientes em reconhecer os sinais do parto, e quando próximo do evento, manter vigilância noturna a cada 3 horas para poder evitar ou socorrer no caso de algum problema com a mãe e/ou o potro.

 

 Nascimento e cuidados com o potro

 

    Após o parto deve-se manter um funcionário observando se o potro levanta bem, e se mama em até 6 horas , o normal é o potro ficar em pé entre 15 minutos e 1 hora após limpo pela mãe, e tentar mamar em até 2 horas,e normalmente quando a égua está bem alimentada, e tem esses cuidados, pare normalmente e o potro vem forte, dificilmente precisarão de ajuda humana. No caso do potro ter dificuldade para mamar ou não se levantar, ou a mãe demorar a parir, a melhor coisa a fazer é chamar um veterinário. Normalmente os partos ocorrem entre 1 e 5 hs da madrugada, partos que ocorrem durante o dia, normalmente apresentam algum tipo de problema, pois não é normal, sendo um alerta já para deixar veterinários à postos.

 

   Outra parte importante de se ver neste período após o parto é que a égua deve expelir a placenta , normalmente expele entre 15 e 90 minutos após o parto, se não expelir ou o funcionário não encontrar a placenta no piquete, já ficar atento para chamar o veterinário para aplicar medicamentos para expelir e prevenir infecções.

 

   Outro cuidado importantíssimo é a curetagem do umbigo do potro, logo depois que fica em pé , o umbigo pode ser embebido numa tampinha ou pote pequeno com iodo a 2%, e sempre fazer a curetagem com o potro em pé, é mais fácil e mais prático desta forma e assim evitam queimaduras com o iodo em partes sensíveis do ventre, genitais ou no olho do potro ou do homem quando espirra ou escorre, riscos que se correm quando este curativo é feito com o potro deitado, pois ele sempre tenta se levantar, além de poder machucar o potro se deitado à força. Este curativo deve ser diário, até duas vezes por dia se der, principalmente em época de chuva, é suficiente para prevenir infecção, e deve ser feito até o umbigo secar completamente, mesmo depois de cair a ponta, deve-se continuar a por na base, até formar casca fina e não apresentar mais inchaço. Se o umbigo ficar sempre úmido ou muito inchado pedir para o veterinário examinar.

 

   Deve-se ter depois piquetes separados para as éguas com potros acima de 1 mês até a idade de desmamar, esses piquetes podem ser maiores, também sem muitos desníveis e sem acesso a lagos ou córregos. O desmame é feito após 5 meses e meio - 6 meses. Aí separa-se os potros após a desmama em piquetes que devem ser de tábua ou com cerca elétrica, e sempre é bom deixar com outros potros na mesma faixa de idade até 1 ano, para sentir menos o desmame emocional.  O ideal é sempre separar potros(as) desmamados de potros(as) com mais de 18 meses. 

 

   Pode-se manter potros machos e fêmeas até os 18 meses juntos no mesmo piquete, e a partir desta idade deve-se separar os machos das fêmeas pois estas já começam a ter cio e alguns machos já começam a cobrir após a descida dos testículos que se dá entre 18 e 24 meses.  

 

    Os machos podem ficar juntos até virarem garanhões, somente são separados se as brincadeiras ficarem muito brutas. No caso das fêmeas ficam sempre juntas.

 

    É fundamental ter sombra suficiente em cada piquete, seja de árvores ou de coberturas artificiais, principalmente na época do verão, para que o animal não se desgaste ou fique estressado, principalmente no piquete de éguas no final de gestação, no de éguas com potro ao pé, e nos piquetes de animais recém-importados.

 

    É importantíssimo no sistema de bebedouros com bóias ou sem bóias, haver a limpeza freqüente e verificação diária das condições da água.

 

      - Garanhões

 

      Os garanhões precisam de mais atenção no manejo , pois normalmente são os mais pesados do plantel e os que possuem mais energia, e por terem a libido acentuada e procurarem sempre a fêmea, normalmente são separados do rebanho e ficam em piquetes sozinhos, o piquete do garanhão deve ser bem reforçado de preferência de 3 tábuas e ter também a cerca elétrica  para evitar que ele force  as tábuas ou tente sair por causa de éguas. Existem garanhões mansos que ficam bem em qualquer piquete, até de arame farpado, mas sempre é bom ter a cerca elétrica para prevenção, como por exemplo uma égua que escape e vá perto do piquete, evitando assim um acidente em cerca, o garanhão pode enfiar a pata no arame ou tábua se não tiver a cerca elétrica.

 

       O ideal numa criação é o garanhão ficar solto direto, dia e noite, ter um piquete com uma báia aberta,  mas dependendo do haras isso não é possível, ou por segurança, ou por falta de funcionários próximos, e para estes casos recomendamos que mantenham o garanhão solto no mínimo 10 horas por dia, portanto ele seria encocheirado no final da tarde e solto logo cedo. Esse manejo em liberdade o maior tempo evita vários problemas, como cólicas, problemas nos cascos, problemas na pele,  vícios redibitórios e também deixa o garanhão mais tranqüilo para a lida diária, trabalho e para a reprodução.

 

        Pode-se deixar o garanhão junto com as éguas, chamamos de monta a campo, mas para isso o garanhão tem que ser habituado a isso, e normalmente os piquetes têm que ser grandes e planos para que se tenha espaço para as éguas correrem, e os cuidados neste caso também são redobrados para os tratadores fiscalizarem e acompanharem os cios e se o garanhão não está machucando as éguas ou vice e versa.

 

 Tipos de Cerca

 

 O bretão quando tem comida suficiente dentro do pasto e está bem nutrido, fica bem em piquetes com cerca de arame farpado e/ou tábuas de madeira, não recomendamos arame liso, visto que no caso de uma ruptura do fio pode causar cortes profundos nos animais.

 

   Por terem o hábito de se coçarem constantemente devido a pelagem densa, ou por insetos ou suor, e serem muito fortes, eles acabam bambeando os mourões, quebrando tábuas, o que pode trazer prejuízos para o proprietário, além de também prejudicarem as crinas que acabam ficando nas cercas e dando falhas estéticas, aí é recomendado colocar a cerca elétrica afastada 15 cm da cerca de arame ou madeira para dentro do piquete, na altura  do primeiro fio do arame de cima para baixo ou da primeira tábua. No caso de piquetes de éguas com potros o ideal é ter a cerca elétrica com dois fios ou fitas com um mais baixo na altura do joelho da mãe. 

 

   No caso da cerca de arame farpado sem a cerca elétrica junto, recomendamos deixar sempre bem esticado, pois com o tempo eles vão cedendo, e colocar o primeiro fio de baixo para cima há 50 cm do chão, pois o bretão tem hábito de bater o membro anterior no chão para pedir alguma coisa que quer, ou ração, ou volumoso, ou se vê algum animal que gosta, é uma forma de mostrar que ele quer muito aquilo e quando faz isso pode enganchar a pata no último fio se estiver próximo do chão. O ideal é uma cerca com 3 fios, se colocar elétrica junto, pode ser feita com dois fios somente.

 

 2. Reprodução

 

         A idade ideal para iniciação na reprodução tanto nos machos como nas fêmeas é aos 3 anos ou 36 meses, onde todos órgãos estão em fase final de formação, e estarão mais aptos para suportarem a produção de hormônios maior e no caso das éguas uma gestação.

 

       A gestação dos bretões é normal aos eqüinos, que é de 11 meses ou 335 dias, sendo que as éguas podem parir entre 305 dias e 350 dias que é considerado normal, isto é, 15 dias antes e quinze dias depois da data prevista para o parto em 11 meses exatos.

 

        O ciclo estral das éguas é de 21 em 21 dias, podendo variar de 18 a 25 dias e  o cio  dura  6-7 dias, ovulando normalmente no 4-5º dia.

 

         Não há estação de monta definida exigida na raça aqui no Brasil, isto é, pode-se cobrir o ano inteiro, apesar de que, é comprovado que a época melhor para as cobrições das éguas é de setembro a abril.

 

          As cobrições podem ser feitas por:

 

 = Monta Natural  Controlada (cabresto à mão)

 

= Monta Natural a Campo (garanhão fica de 2 a 3 meses no piquete com as éguas )

 

= Inseminação Artificial com sêmen à fresco, sêmen resfriado ou sêmen congelado

 

    As éguas depois de cobertas ou inseminadas, pode ser feita também a Transferência de Embrião para receptoras de grande porte de preferência que tenham sangue de bretão, normalmente uma boa doadora dá mais de 3 embriões viáveis por Estação de Monta, o problema maior nesta técnica para estas raças de tração é ter disponível no mercado as receptoras à altura da doadora em termos físicos e de produção de leite.   

 

     3 -   Cuidados sanitários

 

      Os cuidados são os mesmos como em qualquer eqüino:

 

    - Sempre se deve ter acompanhamento veterinário para o controle das Vacinas anuais e vermifugações periódicas com bons vermífugos, e visitas periódicas para avaliação dos animais.

 

    - A higiene dos pêlos com escovação diária e banhos mensais, deixar o ambiente limpo (piquetes, pisos , cochos, paredes, báias , camas das báias, água) , limpeza dos cascos, são  cuidados preventivos que devem ser feitos e mantidos num período e numa frequência constante conforme orientação de um técnico, e são feitas pelos tratadores ou funcionários do haras.

 

     - Aplicar carrapaticidas mensalmente em forma de banho, nas propriedades que há muita infestação de carrapatos nos piquetes, ou preventivamente quando for época de reprodução destes, sempre deve-se ter cuidado com os produtos químicos nas éguas prenhas e com potro ao pé, e fazer sempre com orientação de um veterinário.  

 

    - Há uma recomendação para animais deste porte por terem mais musculatura e gordura de administrar doses dos medicamentos em relação a 70% do peso real do Bretão, isto é, se um animal pesa 800 kg a dose para o medicamento será para um animal de 560 kg. Principalmente anestésicos, tranqüilizantes e antibióticos ou anti-inflamatórios fortes. O que se pode dar, na medida do peso, real, são os vermífugos e o soro para hidratação.

 

      Casqueamento e Ferrageamento

 

       O casco é a parte fundamental de qualquer cavalo e o Bretão por ter cascos grandes,  com áreas de sola e muralha grandes, tem que se ter mais cuidados preventivos, ou mais atenção que as raças com cascos pequenos ou normais de sela, e por causa do peso, pequenos ferimentos podem ser agravados se não tiver os cuidados básicos de limpeza periódica da ranilha e aplicação de produtos anti-sépticos ou desinfetantes. O casqueamento periódico, normalmente a cada 45 dias, depende do solo e do manejo de piquete/báia, mas é importantíssimo para não ocorrer rachaduras ou fissuras nas muralhas ou podridão nas ranilhas. Pode-se fazer o primeiro casqueamento ainda ao pé da mãe, normalmente a partir dos 4 meses de idade, e nesta idade normalmente só se faz uma grosa das pinças. É importantíssimo contratar profissionais com experiência e estudo, para casquear ou ferrar os animais, pois um erro ou uma falta de manutenção ideal podem aleijar o animal.  

 

    O animal que trabalha diariamente ou que fica muito em báia , deve ter sempre os cascos rasqueados e limpos diariamente para verificar pedras ou sujeiras que possam prejudicar a integridade do casco e sempre deixá-los ferrados, principalmente em terrenos com pedras, ou muito duros. Os produtos que podem ser passados são a base de sulfato de cobre , formol ou iodo, e são aplicados na sola e ranilha para manutenção da integridade, o ideal é sempre consultar seu veterinário que dirá as proporções ideais e qual produto é melhor. Outra prevenção pode ser feita em grandes criatórios, com a construção de um pedilúvio, que utilizam os mesmos produtos citados e feito para os animais passarem dentro com o nível da água com o produto na altura da coroa do casco, como se faz na entrada de  alguns recintos de exposição.

 

    Na época da seca é interessante passar óleo na muralha do casco para hidratação e evitar rachaduras, pode-se dar também suplementos para fortalecimento do casco, principalmente para criatórios em que há muita umidade nos pastos.

 

    

Susana Reinhardt 

Zootecnista - CRMV SP 890/Z

Superintendente do SRG da Raça Bretão

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